CAROLINA DALL’OLIO
Para quem tem até R$ 50 mil e quer sair do emprego ou sair da informalidade, há 118 opções de franquias no mercado (clique aqui para ver a lista completa), informa a Associação Brasileira de Franchising (ABF). São, na maioria, empresas do setor de serviços — que não precisam de um ponto comercial, por isso requerem um investimento mais baixo.
De consultoria imobiliária a carrinho de chope, passando por serviços de educação e cuidado de idosos, dá para montar quase todo tipo de negócio com esse dinheiro. Basta que o candidato a franqueado tenha disposição para o trabalho e não espere ficar rico, já que o retorno é proporcional ao valor do investimento.
Algumas microfranquias (como são chamadas as franquias de baixo investimento) já nasceram para ser “home based”, modelo em que o empresário trabalha de casa. As sete marcas administradas pelo Grupo Zaiom são assim.
“O grande entrave para que os empreendedores se tornassem franqueados era o montante de recursos necessário para abrir a empresa. Então percebi que se retirássemos os custos fixos, como o aluguel ou compra de um imóvel para loja, tudo ficaria mais barato”, conta Artur Hipólito, ex-presidente de uma tradicional rede de franquias, hoje à frente do Grupo Zaiom, que já abriu 400 microfranquias em dois anos.
A psicóloga Natália Cortez, que sempre trabalhou em colégios, foi a primeira a comprar uma franquia do Grupo Zaiom, em 2008. Ela queria ter uma escola de idiomas, mas o investimento era alto. Não dava. Foi quando conheceu a Tutores, uma rede de reforço escolar que exigia R$ 20 mil de investimento e permitia que o franqueado lucrasse até R$ 8 mil mensais. Natália então largou o emprego.
“Eu percebia que as mães não tinham tempo para supervisionar o estudo dos filhos e nem condições de levá-los até a aula de reforço escolar, porque elas trabalham”, conta Natália. “E a Tutores resolve tudo isso. O professor vai à casa do aluno, o que dispensa a necessidade de escritório.”
Lava-rápido
Pensar na comodidade dos clientes e resolver suas necessidades também foi a senha para o empresário Marcos Mendes formatar um negócio barato e funcional. Em vez de montar um lava-rápido convencional, alugar um ponto e gastar litros e litros de água nas lavagens, ele criou os carrinhos da Acquazero, uma rede de franquias em que basta ter um pequeno equipamento para realizar uma lavagem a seco.
“Pensei em criar um negócio sustentável em todos os sentidos, e não apenas no ambiental”, afirma Mendes. “Por isso, usamos a menor quantidade de recursos, inclusive financeiros. Acho que esse é o segredo do sucesso das microfranquias: fazer mais com menos, sem nenhum desperdício.”
Na Acquazero, os franqueados fazem parcerias com condomínios residenciais ou comerciais para utilizar algumas vagas de seu estacionamento para lavagens. Não há pagamento de aluguel. “A vantagem, para as empresas, é poder oferecer essa comodidade para os condôminos”, diz Mendes.
As microfranquias são uma tendência no franchising nacional. Embora muitas redes já oferecessem modelos cujo investimento inicial fosse inferior a R$ 50 mil, foi em 2010 que a modalidade ganhou projeção, devido ao surgimento de diversos negócios com esse perfil. Afinal, após a crise econômica, era preciso oferecer opções mais baratas ao investidor.
“O modelo de microfranquias é bom para a economia porque ajuda a formalizar trabalhadores autônomos e também oferece treinamento e suporte a pequenos empresários, minimizando os riscos de falência”, conta Claudia Bittencourt, sócia da consultoria Bittencourt, especializada em franchising. “Por isso, antes de escolher uma microfranquia, o investidor deve saber quem está por trás do negócio, qual é a história daquele franqueador e questionar o tipo de treinamento que ele oferece.”
Além de estudar bem o contrato de franquia e avaliar as obrigações que terá como franqueado, o investidor pode conversar com outros empresários da rede para saber suas impressões e entender melhor o dia a dia do negócio.
Mas não basta se ater aos dados financeiros e à gestão do negócio. É preciso se autoavaliar. Mas você tem perfil para abrir uma microfranquia? “Em primeiro lugar, é preciso saber que o barato pode sair caro se o investidor não se dispuser a executar o trabalho, porque a microfranquia depende muito do desempenho do dono”, diz Marcos Hirai, diretor da consultoria Franchise Store. “Quem trabalha em casa precisa ter disciplina, senão não vai dar certo.”